Quem disse que você não tem as competências que as empresas pedem?
Colaboração - Resiliência - Proatividade - Comprometimento - Resolução de problemas complexos - Pensamento crítico - Adaptabilidade - Autoconhecimento - Negociação
Estas são algumas das competências ditas "pote de ouro" na busca pelos profissionais que irão se destacar nos tempos atuais. Além dos conhecimentos técnicos, o profissional moderno precisa ter aspectos comportamentais bem apurados para que possa sobreviver e se destacar no mundo moderno.
Mas, até aqui, nenhuma novidade, certo?
Nada que você não tenha lido em algum lugar. Hoje é quase um "crime" falar em desenvolvimento de competências sem falar nas tais "competências comportamentais" ou, para os que gostam de falar bonito, as "soft skills".
Muitos entendem isso como mais um fator de redução de oportunidades aos jovens de baixa renda, que a vida inteira tiveram, infelizmente, uma educação limitada mas, a meu ver, há uma chave importante para esta juventude se destacar e mostrar o seu valor. Vejo aqui uma oportunidade enorme da nossa juventude, tão reduzida a poucas oportunidades qualitativas, virar o jogo ... explico à medida que vamos definindo algumas das valorizadas e estudadas "competências comportamentais".
Neste texto falaremos sobre 4 delas, quais sejam: Proatividade, Resiliência, Colaboração e Comprometimento.
Antes de mais nada, vamos às definições:
"Proatividade": a capacidade de o jovem desenvolver suas atividades de forma proativa e com autonomia, aprendendo a lidar com a rotina e desafios do dia a dia*;
"Colaboração" que, aqui na nossa Galena, definimos como: o jovem que trabalha em times, recebe devolutivas e colabora com os interesses dos seus pares e da empresa*; e,
"Comprometimento", definimos como habilidades relacionadas à capacidade do jovem de assumir responsabilidades por suas entregas, cumprindo prazos e combinados.
Agora pergunto... um jovem que a vida inteira teve que se virar, nasceu em um contexto em que foi privado de várias coisas; correu atrás a vida toda fazendo bicos nos arredores, cuidando de crianças como babá, em trabalhos informais nos finais de semana; aprendendo a ir e voltar sozinho para onde for (muitos até super novos mas, pela mãe e pai trabalharem muito o dia todo e não terem com quem deixar, tiveram que aprender a se virar sozinhos desde cedo), passando horas e horas em transporte público para chegar aonde precisam; por, muitas vezes, com uma rotina de apoio diário em casa, para ajudar a família e os irmãos; um jovem que não tem condições financeiras para ir atrás de cursos pagos e por isso se inscreve em cursos de ongs, de bairro, estuda sozinho inglês por aplicativos gratuitos, para o ENEM sem cursinho, mas na raça pela internet, que vive a sua vida toda privado da maioria das coisas, fazendo conta no lápis para ver se terá dinheiro para o básico ... ao ler isso, você não enxerga nada parecido com as tais COMPETÊNCIAS COMPORTAMENTAIS?
E aquele jovem que desde cedo apoia a sua família fazendo bico na feira, que acorda às 3h da manhã, pega condução e vai montar barraca, organizar os produtos e às 6h está lá, com sorriso no rosto, fala alta e alegre para atrair os clientes e, quando ocorre a venda, é rápido e preciso no troco, sem perder a simpatia. Você lê " COLABORAÇÃO", "COMPROMETIMENTO" e "RESILIÊNCIA" aqui?
E aquele que ajuda seu pai como auxiliar de pedreiro, carregando peso, organizando materiais, colocando tijolo por tijolo com todo cuidado. Ou aquele jovem que, por uns trocados, entrega panfletos na rua, atua em alguma vendinha do seu comércio local como atendente ou até já conseguiu uma oportunidade melhor de call center ... você vê "COMPROMETIMENTO" aqui?
Pois é, mas não é este "de/para" natural que é feito e, por isso, ao colocar no "jogo da empregabilidade moderna" novas competências, o jovem vulnerável tende a se colocar mais para baixo ainda, por muitas vezes sinalizando que "não tem currículo e nem experiência" quando, na verdade, deveria utilizar sua bagagem pessoal como uma absoluta fortaleza na sua batalha pelas novas oportunidades.
"Eu posso não saber tanto as coisas técnicas que vocês precisam, mas isso eu vou me dedicar aqui dentro e pego ... resiliência e comprometimento para mim fazem parte de toda a minha vida, deixa eu te contar …..!"
Você vai discutir resiliência para alcançar seus objetivos no trabalho com um jovem que desde criança 24 horas da sua vida são feitas de resiliência, em cada minuto? Sério mesmo?
Você vai questionar colaboração com um jovem que desde cedo é a matriz de sustentação da sua casa, ajudando pai, mãe e irmãos, fazendo tudo andar?
Enfim, é importante que você jovem consiga fazer os "de/paras" corretos entre o que é exigido e o que você viveu, sempre de forma positiva e protagonista e nunca com vitimismo.
Foi-se o tempo que habilidades poderosas para se dar bem no mercado de trabalho eram apenas aquelas adquiridas dentro dos melhores cursos. Se você olhar para a sua vida toda e procurar fazer conexões com as habilidades esperadas e o que você viveu eu te garanto, vai conseguir sair mais forte disso para, quando rolar uma entrevista, você não deixar dúvida que, nestes aspectos comportamentais, você pode não ter estudando nas melhores escolas e nem ter experiência formal, mas você vale muito mais a aposta do que um jovem que nasceu com tudo, nas melhores escolas, com as melhores oportunidades, quase que recebendo comida na boca todos os dias da sua vida.
Pense nisso!
Espero que tenha sido útil a você ... em breve a gente se fala :)
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